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Mensagem por Sabor Gerações Dom 28 Dez 2014, 03:21

Cam On

A câmara foca um quadro completamente isolado numa parede branca, sendo o único contraste capaz de destoar tamanha monotonia. Conforme a imagem se aproxima do quadro e o foca de perto, tornam-se visíveis as seguintes palavras escritas em tinta negra:

"Bad art is more tragically beautiful than good art ‘cause it documents human failure.”
-- Tristan Rêveur

Então, a imagem volta a afastar-se e completa um movimento de 180 graus avistando um homem sentado numa poltrona, de frente para o quadro outrora focado.

O indivíduo acaricia os seus cabelos longos com a sua mão direita, tendo na outra um copo requintado de vinho.


???: Devo desde já avisar que não vou tornar as coisas aborrecidas, como um típico vídeo de apresentação em que alguém dá festas ao próprio ego e jura de mãos juntas a um deus em que não acredita que irá superar qualquer homem, qualquer desafio que lhe seja proposto.

Dá um gole no vinho, saboreando-o durante alguns segundos.

???: O meu nome é Jorge Gante.

Levanta-se da poltrona e caminha em passos lentos em direcção à câmara.

Jorge Gante: Suponho que se recordem de mim, provavelmente pelos piores motivos... Fui o homem que lutou grande parte da sua vida contra vocês, e até contra mim, por uma mulher que acabou por me trair com o meu próprio afilhado.  Alexandra Valente, outrora conhecida por Al Gante, foi sempre o motivo pelo qual lutei, confesso.

Esboça um sorriso com vontade.

Jorge Gante: Pareço-vos muito melhor agora, não? E não, não respondam... Era uma pergunta retórica.

Solta uma gargalhada.

Jorge Gante: Ainda assim, não interpretem estas minhas palavras como uma desculpa para algum acto que eu tenha cometido no passado que não tenham aprovado, ou até mesmo como um pedido de desculpas. A verdade é que eu lutei por essa senhora, era esse o meu motivo... Mas não confundam os meus motivos com os meus ideais ou objectivos. As minhas crenças nunca mudaram... Apenas me perdi nelas, nas circunstâncias em que vivia no momento. Tudo o que fiz foi de coração aberto, quer gostassem ou não, e continuo a ser essa pessoa.

Volta a sentar-se na poltrona, dando mais um gole no vinho.

Jorge Gante: A má arte é tragicamente mais bela do que a boa arte, e talvez seja por isso que durante meses fui alvo de tantas críticas e apupos: porque sempre fui um péssimo actor, ao contrário de todos os lutadores com quem trabalhei. É essa a verdade, nunca consegui "jogar" convosco, nunca consegui ser cínico ao ponto de pensar em fazer algo só para me aplaudirem no final da noite. Eu não sou essa pessoa... Eu sou o Jorge Gante.

Faz uma pausa, respirando.

Jorge Gante: E, finalmente, descobri um novo motivo pelo qual lutar: descobri que os meus motivos podem ser exactamente os meus objectivos, os meus ideais. E esses nunca nenhuma senhora me irá roubar.

Ergue o seu copo de vinho diante da câmara.

Jorge Gante: Um brinde a isso.

Faz uma última pausa, dando um último gole.

Jorge Gante: Mas aprofundaremos essa questão e todas as outras amanhã, quando eu estiver em entrevista no podcast de David Proença, antigo lutador da VWW, a convite do próprio, para discutir algumas coisas interessantes. Não percam.

Cam Off
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Mensagem por Sabor Gerações Dom 28 Dez 2014, 22:59

Podcast WRESTLING IS PARTY
por David Proença

(Emissão de 28 de Dezembro de 2014)

Boa noite, colegas. Sejam bem vindos a mais um Wrestling is Party! E que festa temos hoje, com o meu convidado, um dos nomes mais polémicos da nova geração do wrestling português, Jorge Gante. Sê bem vindo, Gante!
- Boa noite, David. Desde já obrigado pelo convite, é um prazer estar aqui.

Não percamos mais tempo, que comece a festa. Começa por falar-me de Alexandra, do vosso divórcio. Foram um casal que marcaram Portugal, pelos melhores e os piores motivos. O que nos tens a contar sobre isso?
- Não há muito a dizer sobre esse assunto, essa pessoa. Alexandra era a mulher que eu amava, completamente diferente da mulher que realmente existia. Por vezes acontecem esses lapsos, a chamada ilusão emocional. Hoje sei e percebo isso...

Estas mulheres... Um homem sofre, porra. O que te levou a perceber isso?
- Ela nunca se preocupou realmente comigo. Por exemplo, sempre me incentivou a lutar, manipulava-me, mesmo tendo conhecimento de uma lesão grave que me punha em risco de vida sempre que entrava num ringue... Ela simplesmente nunca quis saber. Acredito que me via como o meio para atingir os fins com que sonhava.

Referes-te à lesão que contraíste ainda como lutador em companhias de Vale Tudo?
- Sim, exactamente. Foi uma lesão que praticamente partiu o meu corpo ao meio, entenda-se. Estive em risco de ficar paraplégico e, quando assinei contrato com a Vanguarda ainda era tudo muito recente, eu ainda estava lesionado... Sentia dores insuportáveis diariamente, em silêncio, para poder continuar a lutar. Qualquer golpe que recebesse poderia arrumar-me nas "boxes" para sempre. Sempre que saía dum combate, ganhasse ou perdesse, sentia que tinha mais uma vez vencido a minha própria vida. Não foi fácil.

Hoje estás totalmente recuperado?
- Há lesões que criam fendas no nosso corpo definitivamente, não são 100% recuperáveis... Tu sabes. Esta é uma delas. Mas tenho treinado muito com os meus colegas do Muay Thai e não só, tambem tenho feito muito ginásio. Praticamente já não sinto que alguma vez tenha estado lesionado. É daqueles pregos com que nos deitamos à noite, na cama: não os sentimos, mas sabemos que eles estão lá.

Entendo, tropa, como te entendo... Bem, fala-me agora dos Verno. O que representaram para ti?
- Os Verno eram eu, simples. Os ideais, os actos, os fins - era eu, por inteiro. Era tudo aquilo em que eu acreditava, era como que a minha própria religião, o meu próprio alimento. Falar dos Verno é como falar de mim próprio no fundo.

Sei que os Verno surgiram pouco tempo depois da chegada de Ricardo Soares à Vanguarda da Luta Livre, precisamente rivalizando com ele...
- Os Verno repugnavam tudo o que o Soares representava, precisamente. Uma farsa, no fundo, uma máscara. Lembro-me do Soares ter assinado um contrato de 5 combates a fim de fazer alguns trocos em final de carreira, provavelmente por estar na miséria, e eu ter sido suspenso 1 mês por ter exigido ser o primeiro a enfrentá-lo.

Porque é que achas que tal se sucedeu?
- Bem, não há muitas hipóteses. Tipos como o Ricardo Soares são boas personagens para o negócio. Sorriem quando é preciso, fazem agitar as massas, dizem o que é bonito de se ouvir. Um gajo sujo como eu derrotá-lo no seu primeiro combate tornaria irrelevantes quaisquer que fossem os seus restantes adversários... Era uma perda de dinheiro.

Consideras então que o negócio do wrestling estava manipulado a favor de interesses alheios?
- Tudo está manipulado a favor de interesses alheios, não é novidade. O wrestling é apenas um reflexo da sociedade egoísta e mercenária em que vivemos, em que os que têm poder ganham cada vez mais poder, e os ditos underdogs são cada vez mais rebaixados e desprezados. Acontece isso na política, acontece isso na arte, e acontece isso no desporto, como no wrestling.

Vês-te como um vilão incompreendido?
- Não me vejo como um vilão, muito menos incompreendido; para me sentir um vilão era preciso eu acreditar em heróis, e eu não acredito. Acredito apenas em homens e em personagens, neste mundo. E sejamos sinceros, um guião previamente escrito para uma personagem irá agradar sempre muito mais do que um homem nu de filtros que grite tudo aquilo em que acredita. São escolhas e foi, e continua a ser, esta a minha escolha, apesar de tudo: ser um homem, no sentido mais cru da palavra.

A tua mais recente obra artística, muito elogiada pela crítica diga-se de passagem, intitulada Quadros, um livro de poesia com ilustrações também da tua autoria, tem alguma relação com a tua passagem pela Vanguarda? Fala-nos um pouco dessa tua outra vertente...
- O mote do livro por si só já pode ser uma referência, "vivemos na geração em que as palavras não significam rigorosamente nada por isso decidi fazer uns desenhos". Por outro lado há poemas que se podem enquadrar em personalidades específicas como o Soares, de quem já falámos, como um chamado Carnaval, que diz qualquer coisa como "Finge que és a máscara que vestes, inteiro em génio mesmo que não prestes." Por isso sim... Podemos dizer que sim, tem uma relação, por mínima que seja. A visão que tenho para com o wrestling é a mesma que tenho para com o mundo: uma visão de verdade e de justiça. É por ela que luto. O wrestling também é uma forma de arte.

É por ela que vais lutar na Ultimate Wrestling League, a tua nova aventura no wrestling? Quais são os teus objectivos, as tuas ambições?
- Sim, claro, nem faria sentido de outra maneira. Sempre fui assim e desconfio que sempre serei. Tal como na Vanguarda, lutarei para que o poder não caia nas mãos erradas. É esse o meu caminho, e estou ansioso para começar a andar.

Gostei dessa tua última expressão. Algumas palavras finais que queiras deixar aos teus futuros acompanhantes da UWL?
- Nada de especial, sinceramente. Acho que já anda aí demasiado pessoal faminto por tempo de antena sem terem nada para dizer ou acrescentar. Não vou ser um deles. Prefiro deixar que os meus actos falem por si.

Muito bem! Foi mais uma emissão do podcast do Wrestling is Party, e estivémos à conversa com G... G... Gante! Gostaste desta piada, Jorge? Por hoje é tudo. Não se esqueçam, a Ultimate Wrestling League estreia na SIC Radical a 5 de Janeiro, com o seu programa semanal Korosene. Não percam este homem em acção, vai dar que falar como sempre deu, seguramente! E mais importante ainda... Não se esqueçam que o wrestling é uma festa! Até à vista que eu e o Gante vamos beber uns copos!
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