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Bailando nos estilhaços da vida

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Bailando nos estilhaços da vida Empty Bailando nos estilhaços da vida

Mensagem por Shotgun Ter 30 Dez 2014, 00:31

Bailando nos estilhaços da vida JtvWYHm

O cenário é o mesmo do vídeo anterior. A câmara que permanece na mesma posição mostra o escritório de Edward Hosking. Organizado ao centímetro, prova de práticas metódicas que marcam a demanda controladora do inglês. Mas algo não está bem; uma das muitas lâmpadas que constituem o painel de iluminação da sala não funciona corretamente como se de convalescência se tratasse. E desde o primeiro momento se vê Hosking em cima duma segunda mesa, desta vez de camisa azul e um longo casaco negro.

Retira cuidadosamente a lâmpada e dá um pequeno salto da mesa para o chão, o qual pisa com as pesadas e imponentes botas. Aproximando-se da mesa e consequentemente da câmara, Edward retira o casaco enquanto continua a segurar a lâmpada. Desembaraça-se uma mão de cada vez e pendura a peça de vestuário na cadeira. Sem um movimento do cabelo que se encontra preso com um bun — muito pequeno rabo de cavalo — o inglês começa a andar à volta da cadeira a balançar a lâmpada. Ora atira para junto do teto, ora apanha-a exemplarmente. Repete a sequência e emite um ligeiro sorriso.


Edward Hosking: Não tenho problemas em pensar mais rápido que todos vocês para idealizar uma teoria — sorriso leve mas cínico para a câmara. Não tenho nenhuma entrave a deixar uma afirmação. E matutei, todos viram. Cheguei a uma conclusão interessante não apenas agora, mas tendo também em conta o brilhante anúncio que foi hoje feito pela Ultimate Wrestling League. Eu prefiro pressupor que quando algo não funciona corretamente...

O lutador interrompe o seu discurso e aponta o dedo indicador à câmara balançando-o a mão para cima e baixo, de novo com o sorriso cínico. Momentos depois o sorriso é substituído por uma expressão séria e o britânico começa a acenar sucessivamente. Instantes depois, e de forma rapidíssima, Hosking muda de direção e após movimentar o braço direito para trás atira a lâmpada com imenso estrondo em direção à parece, partindo-a em centenas de pedaços. A personagem continua a olhar para o chão e para os estilhaços sem que a câmara permitisse avaliar a sua reação num primeiro momento.

Foi apenas alguns segundos depois que finalmente virou a cara novamente em direção à câmara, mostrando um rosto avermelhado e um instinto de raiva a correr-lhe em direção ao cérebro. Não tardou até sentar-se e beber um gole de água que tinha na sua mesa, apesar do ângulo da câmara não se mostrar disponível para o fazer notar até ao momento.


Hosking: Mais vale pôr término à sua existência. Novamente, caros sábios, caras sensações do racionalismo moderno: esta não é uma questão de lâmpadas ou de estilhaços. São adereços que mostram rosas podres, uma alma arruinada e uma bomba pouco latina, mas tremendamente moribunda. E não vale a pena prolongar a existência de algo cujo prazo, já curto por defeito, já expirou há muitíssimo tempo. Aqui a misericórdia é escassa.

Com a mão esquerda, Edward chega a uma gaveta presente na secretária e retira da mesma um número considerável de folhas, mas os caracteres não coincidiam com as anteriores pois estavam vazias. Mesmo assim, retirou o elástico que as unia e fez questão de as aproximar da câmara.

Hosking: O que alguma vez Rosas poderá ter representado estava contido neste bloco de folhas. Todas elas estão em branco sem sinais de rasura ou de um mágico desaparecimento. Almas quentes, o sucesso fora do quadrado — faço questão de referir que em escrito este termo vinha rodeado de uma página repleta de aspas, tal é o fator pseudo nessa vida miserável — e a negligência ao longo dos anos são as únicas marcas visíveis nesse rosto quase totalmente tapado por uma vergonha enormemente visível.

Aponta para os vidros no chão após girar a cadeira.

Hosking: E aquelas marcas... representam desunião. Representam todos os meus princípios no próximo dia 5: desigualdade, virilidade — desconfio seriamente que apenas de um dos lados, pois do outro está um homossexual reprimido que tenta abrigo na dança, nos olhos e nas minetes — e controlo. Fiz de ti uma lâmpada. Domei, controlei e tirei a existência a algo que nem operava diante de padrões mínimos. Considera-te um estilhaço, o primeiro da história da Ultimate Wrestling League. Sortudo.

A imagem desvanece aos poucos com um silêncio relativamente perturbador, com Hosking a levantar-se a vestir o casaco enquanto parecia já ignorar a câmara. Enquanto saia, olhou uma última vez o que restava dos estilhaços mas não pareceu esboçar reação. Como da última vez, a última imagem visível é da porta do escritório a abrir-se e a fechar instantes depois, com o protagonista agora noutra divisão.
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