I'm Baaaaaaack!

O cenario é o topo de um prédio alaranjado, Fedrix corre pelos quatros cantos do local, fazendo seu treino intenso, a escolha foi feita para distanciar-se da sociedade e conseguir uma maior concentração, assim o treino além de físico se tornou psicológico.

Ele ocasionalmente olha para as ruas movimentadas, vendo as pessoas, estas que o apoiam toda vez que este entra na arena, ele não consegue entender como eles ainda gritam o seu nome, mas isso não faz diferença, não mais.

Ele começa a fazer flexões, quando estava na 20ª, ele ouviu a porta da entrada do telhado se abrir, sem se intimidar muito, ele levanta e espera que o indivíduo mostre sua face. Quando Fedrix viu a pessoa passando para o lado externo do condomínio, toda sua confiança se vai, parece que ele viu um fantasma.

???: I’m baaaaaaaaack!

O homem que era mais baixo que o lutador e um pouco mais magro, se aproxima a passos lentos, deixando que a cara de espanto do Nova Iorquino dure alguns tantos segundos.

Fedrix: Por que você está aqui?

???: Não é assim que se recebe um amigo, voltei para ver você lutar, ver você vencer e observar sua evolução.

Fedrix: Rafael, já disse que não tenho amigos, fico agradecido pela consideração, mas não precisava ter vindo.

Sim, era o Rafael, o homem que supervisionava Fedrix logo quando o mesmo chegou para lutar em Portugal. O brasileiro estava de bermuda jeans e camisa social rosa, salmão mais especificamente.

Rafael: Como assim? Sai do México só para ver você no Main-Event do PPV.

Fedrix (abrindo um leve sorriso irônico): Veio antes para me ver na coletiva?

Rafael (confuso): Coletiva?

Fedrix saca o celular, toca algumas vezes na tela e estende para Rafael. Na tela estava escrito.

“Gostei da sua apresentação pela Red Bull, sabia desde o começo que você tinha potencial, não precisa agradecer, tendo como referência esse seu afeto pelo público, estou convidando você para uma entrevista coletiva com meu caro amigo Henrique Coelho, não vou colocar nada em jogo, pois sei que você irá.

                                                                                                         (Ainda sem ironia) Pavão

PS: obrigado por tirar uma foto com minha sobrinha, ela gosta muito de você.”

Rafael, entrega o celular e fica um tempo sem reação, ele começa a entender que aquela cena da Red Bull foi tudo manipulação de Pavão.

Fedrix: Mas desta vez, não tenho nada a perder, então vou treinar e só vou aparecer domingo para o combate.

Rafael: E vai parecer um covarde? Não, você tem que ir e mostrar ao Coelho, ao Pavão e a todos, que você está ali para vencer no jogo deles.

Fedrix (levantando suavemente o tom de voz): Não quero dar razão aquele merda, ele vai achar que tem controle sobre mim.

Rafael (seguindo o ritmo): Deixe ele pensar isso, então na hora da luta você mostra que é forte, que melhor que todos eles e que é o verdadeiro campeão que Portugal precisa.

Fedrix (abaixando o tom de voz): Não sei se é uma boa ideia...

Rafael (no mesmo tom): Claro que é! Se você conseguir desiquilibrar eles psicologicamente, vai ter metade da luta em suas mãos, não está vendo que ele está fazendo isso?

Fedrix vira-se e começa a olhar para a cidade de Portugal, Rafael dá alguns passos à frente e faz a mesma coisa.

Fedrix (relutante): Ok, eu vou.

Rafael (contente): Ótimo, parceiro, ah! Pelas minhas viagens ao redor do mundo, passei por muitos lugares e um lugar que passei recentemente te mandou um presente.

Rafael tira um saco de presentes da sua mochila e entrega ao Fedrix, este que abre e se espanta com o presente.

Fedrix (impressionado): Olha, nunca fui fã do tipo, mas já que é presente eu agradeço.

Rafael: Falaram que é para você usar no PPV, como provocação.

Fedrix: Sim, gostei da ideia, se vamos feri-los psicologicamente, isto vai ajudar.

Rafael: Pensei que voce não ia usar, já que não tem aliados ou amigos.

Fedrix: Sim, meu melhor aliado, principalmente agora, é o meu foco e confiança, mas isto tem sua piada e vai ser engraçado ver a cara deles no momento.  

Rafael fecha sua mochila, pega o seu celular e começa a ler algo nele.

Rafael: E o Teles? Você conseguiu provar que é melhor, foi uma ótima luta.

Fedrix: Ainda queria dar algumas porradas no Nunes, aquele covarde me tirou a chance de título, me fez perder pela primeira vez e não deu mais as caras, agora naquela merda de reunião da VLL ele aparece, aposto que ele vai só por eu não estar lá.

Rafael: Você vai para o Independência? Mesmo que for só para ver?

Fedrix: Não, não assistia VLL e não tem ninguém que eu conheça.

Rafael: Vai ter o Coelho, ele que vai enfrentar o Nunes mesmo, se você fosse escolher um para vencer, quem escolheria?

Fedrix: nenhum destes dois merece uma vitória, para mim o cenário perfeito seria, eu entrando, acabando com os dois e mostrando que no Wrestling pessoas daquele tipo não podem reinar.  

Eles viram-se novamente para observar o movimento das ruas portuguesas, quando Rafael começa a dar pequenas risadas.

Rafael: Steel Cage, ótima escolha, vai ser homem contra homem.

Fedrix: Achei bom prender aquele “açorzinho” na gaiola, e vamos estar cercado me metal, então estaremos no meu habitat.

Rafael: Verdade, seria interessante você tentar fazer o pin e tentar não sofrer submissão.

Fedrix: Você viu minha luta contra o Teles? ninguém consegue me fazer desistir. Estes caras me lembram um grupo que existia na penitenciaria.

Rafael: Por isso seu ódio pelos Supremacy?

Fedrix: Também, aqueles policiais me davam raiva, dizem que os presos são perigosos, mas na verdade o perigo está com farda.

Fedrix vira-se e começa a caminhar em direção a porta, com o seu presente em mãos.

Fedrix: Vamos, tenho que ir naquela merda de coletiva.

Rafael (parado no mesmo lugar): Pode ir na frente, tenho uma ligação para fazer e aqui o sinal está ótimo.

Fedrix dá de ombros então e sai do local, Rafael fica um tempo observando o horizonte matutino e logo após olha para o seu celular, clicando em um contato da agenda.